Moçambique é “extremamente rico” mas precisa de trabalhar arduamente


Moçambique é um país “extremamente rico”, mas, à semelhança do que se exige a qualquer outro nas suas condições, deve continuar a trabalhar arduamente para traduzir essa riqueza em benefícios palpáveis para os cidadãos.

A agricultura é o único sector que, com a sua vasta cadeia de valor, é capaz de assegurar uma transformação duradoura da economia e propiciar o alcance da meta de criar três milhões de empregos para os moçambicanos nos próximos cinco anos.

Esta é uma das leituras partilhadas ontem em Londres com potenciais investidores britânicos, durante uma mesa redonda subordinada ao tema “Desvendando as oportunidades no sector agrícola e na cadeia de valor resultante dos projectos de gás natural liquefeito”, na esteira da Cimeira de Investimento Reino Unido - África, realizada esta segunda-feira na capital britânica.

Na contextualização da mesa redonda, o economista sénior do Standard Bank, Fausio Mussa, falou de algumas das fragilidades do sector agrícola moçambicano, apontando, por exemplo, que enquanto no nosso país produzimos uma tonelada de milho num hectare cultivado, na vizinha África do Sul, a produtividade aumenta dez vezes, como resultado da disponibilidade de mais tecnologia, de conhecimento, de boas sementes e demais facilidades, que Moçambique está em condições de satisfazer.

“Não é só uma questão de investimento. É também de mudança de atitude e de mentalidade. Deus abençoou-nos com recursos naturais. O país é extremamente rico, mas precisamos de trabalhar arduamente. O tipo de trabalho que precisamos não é só convidar investidores para o nosso país, mas também de colaborar, de facilitar os negócios. Temos que reduzir as dificuldades que estes investidores enfrentam. Até parece que gostamos do dinheiro, mas não gostamos dos investidores.

Queremos que o dinheiro venha para Moçambique, mas isso tem que ser atractivo para podermos partilhar metas”, disse Fausio Mussa.

Segundo disse, há muitas histórias de sucesso no investimento na agricultura e, em Moçambique, culturas como algodão, tabaco, açúcar e outras, podem ser capitalizadas como exemplos de sucesso.

“A atenção no gás e petróleo está a colocar Moçambique nos radares mundiais, mas se quisermos pensar num Moçambique sustentável, teremos que assegurar que a maioria da população tira benefícios disso. A agricultura é o único sector que pode gerar uma renda sustentável e por isso deve ser criado um ambiente favorável para o seu desenvolvimento.”, acrescentou.

Por seu turno, Martin Faria, do Instituto Tony Blair para a Mudança Global, considera que Moçambique está a desperdiçar muitas oportunidades no sector da agricultura, sustentando que dos 36 milhões de hectares de terra arável que o país dispõe, que corresponde a ao tamanho da Alemanha, apenas metade está a ser explorada, sendo o que sobra mais ou menos o tamanho do território italiano.

Faria contou que recentemente viajou de carro de Inhambane até Maputo e, em todo o caminho, viu mulheres vendendo fruta fresca e vegetais de qualidade. Segundo ele, a companheira de viagem ia-lhe pressionando para comprar tudo aquilo e ele questionava-se a razão de ser se era possível encontrar os mesmos produtos em Maputo.

“O problema é que se fores a um supermercado em Maputo não terás manga, abacaxi ou laranja que sejam produzidos em Moçambique. É tudo é importado. Neste momento Moçambique está a exportar emprego e faz isso quando importa fruta que é produzida no país e que podia ser consumida em toda a sua cadeia de valor... Este é o momento de dar a volta a esse paradoxo. O Presidente da República deu muita ênfase na agricultura, o que mostra que estamos na presença de um sector em que o Governo está claramente disposto a investir.

Fonte: Jornal Notícias

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