Comércio livre em África pode aumentar trocas para 135 mil milhões



O presidente do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) defendeu ontem que o Acordo Livre Comércio em África pode aumentar as trocas regionais para 135 mil milhões de dólares , 35% acima do valor actual.

De acordo com Benedict Oramah, o acordo será fundamental para a independência económica de África, cujos países podem aumentar os níveis actuais de trocas no continente, de 15% para 25% numa década.

De acordo com um comunicado do banco, o presidente desta instituição dedicada ao financiamento de negócios e investimentos no Continente Africano vincou que o Acordo de Livre Comércio em África (AfCFTA, sigla em inglês) "vai ajudar as economias africanas a industrializarem-se e a melhorarem a parte africana da produção manufacturada a nível mundial, criando mais crescimento económico, uma riqueza mais inclusiva e a redução da pobreza".

Os líderes africanos devem preparar medidas de compensação da perda de receitas fiscais causadas pela livre circulação de bens no continente, que pode representar uma verba de 4 mil milhões de dólares  por ano, referiu. "Devem garantir que o sector privado está bem preparado para aproveitar as vantagens de mercado proporcionadas pelo acordo e esforçar-se por implementar mecanismos que melhorem o acesso a informações comerciais credíveis, especialmente entre agentes privados africanos", disse Oramah.

De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o comércio intra-regional em África cresceu rapidamente nos últimos anos, representando agora entre 12 e 14% do total das importações, num valor que se estima em cerca  de 100 mil milhões de dólares, devido à criação de comunidades económicas regionais, cujas principais acções são responsáveis por 75% do comércio dentro do continente.

"Ao contrário das exportações para o resto do mundo, os fluxos comerciais intra-regionais são relativamente diversificados e incluem bens de maior valor acrescentado do que as exportações para o resto do mundo,  abrangendo uma proporção considerável de produtos transformados (por exemplo, veículos motorizados e vestuário)", lê-se no relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais, lançado pelo FMI em Abril do ano passado.

Em 21 de Março, na cimeira extraordinária da União Africana (UA), que decorreu em Kigali, capital do Ruanda, 44 dos 54 estadosmembros da organização panafricana aprovaram o acordo que prevê lançar o tratado de criação da Zona de Livre Comércio Africana (ZLEC).

A criação desta região económica, que visa fortalecer os fragmentados mercados africanos e a presença, a uma só voz, na cena internacional das negociações com outros blocos, vai permitir apoiar o desenvolvimento de um continente com cerca de 1.200 milhões de habitantes.

A adesão à AfCFTA, que permitirá criar o maior mercado do mundo, é voluntária e aderiram até agora 40 dos 55 estados da União Africana, representando um PIB acumulado de 2,5 biliões de dólares, cerca de 2 biliões de euros.


A ZLEC inscreve-se no quadro de um processo que, até 2028, prevê a constituição de um mercado comum e de uma união económica e monetária de África, razão pela qual também está em curso a implementação do Passaporte Único Africano, tudo incluído na chamada Agenda 2063, que visa desenvolver económica, financeira e socialmente o continente até àquele ano.

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